Como produzir conteúdo original sem tê-lo

Produza algo original e relevante melhorando conteúdo de outros

Por Virgílio V. Vilela

Produzir conteúdo original pode ser bem difícil, mas é perfeitamente possível você partir de obras de terceiros e produzir algo seu e até mais relevante. Propomos aqui linhas de ação para partir de obras de outras pessoas e produzir seus próprios conteúdos, e ainda agregando valor.

Aprofundar o superficial

"Poucos conhecem os detalhes. A maioria só tem tempo para a superfície, e se dispõe a se entrelaçar em conjecturas bem divorciadas da realidade."

(Andreza Filizzola)​

Talvez você, como eu, já tenha recebido vários conselhos na vida. E talvez você, como eu, tenha tido lá suas dificuldades de pôr alguns desses conselhos, quem sabe muitos, em prática. Se esse não é o seu caso, honestamente, já o admiro!

E eu achava que o problema era comigo. Eu acabei descobrindo que sim, tem fatores relacionados a minhas (in)capacidades, mas também tinha algo relacionado aos conselhos. É este aspecto que fundamenta a linha de ação para aproveitar conteúdos de terceiros que vamos descrever.

O problema

Você já deve ter ouvido o conselho "pense fora da caixa". Quando tem ou se tiver a intenção de pensar fora da caixa, você sabe exatamente o que fazer?

(www.freepik.com)

A menos que você esteja literalmente dentro de uma caixa da qual possa sair, essa é uma sugestão metafórica. Metáforas são muito boas para inspirar, servir de modelo para uma estrutura de pensamento, mas, como recurso para entendimento, são limitadas e insuficientes, não estão conectadas diretamente à parte da realidade que estamos considerando.

Então você quer saber melhor como pensar fora da caixa e vai pesquisar, e encontra a frase “quem está dentro da garrafa não consegue ler o rótulo”. Ainda uma metáfora. Poderia ser "o peixe deve sair do aquário para observá-lo" e ainda não acrescentaria mais nada.

Você continua pesquisando, e encontra várias dicas:

Nos dois últimos ainda podemos enxergar algo mais concreto, mas ninguém ainda disse como, são apenas sugestões circunstanciais. Afinal, o que temos que mudar no nosso pensamento?

A causa

O fato é que dizer "pense fora da caixa" é superficial. Muito superficial. Um conselho em forma de frase é apenas a ponta de um iceberg de significados e possibilidades, que muitos não vão conseguir pôr em prática.

Outras formas de dizer a mesma coisa são que, via de regra, conselhos têm um algo grau de abstração e são desconectados da realidade de uma pessoa específica, em uma situação específica.

Mas, em geral, parece existir na nossa cultura uma crença bastante difundida de que palavras são suficientes para o entendimento e fazer mudanças. Isso conduz a muitos artigos, livros inteiros e até "treinamentos" que apenas apresentam conselhos e outras coisas vagas, deixando para o público todo o trabalho adicional para pôr em prática - aplicar - esses conteúdos.

O caminho: aprofundar o superficial

Problema de um, oportunidade para outro. Essa difundida abordagem de conselhos sugere uma linha para produzir conteúdo original a partir de conteúdo não original, no sentido de aprofundar o superficial. Aprofundar expande e detalha na direção de conectar à realidade de uma pessoa, reduzindo o grau de abstração.

E conselhos são só um exemplo de algo superficial. Todo dia encontramos afirmações abstratas, às vezes hiperabstratas, sobre "o universo", "o mundo", "a vida", "as pessoas", até mesmo "eu", desconectadas de tempo, de espaço, da experiência, que deixam todo o trabalho restante de descobrir como e quando usá-las para o público. Uma metáfora que particularmente aprecio para essa falta de aprofundamento é a de ficar “ciscando” que nem galinha.

E como aprofundar o superficial? Há várias possibilidades. Uma das minhas preferidas é o exemplo. Claro, vou dar um exemplo!

No caso de pensar fora da caixa, um exemplo bem ilustrativo é o de uma colega que parece pensar fora da caixa como uma habilidade natural. No trabalho, planejaram um café da manhã de improviso, e alguns da equipe não ficaram sabendo e não levaram nada. Na hora, estavam discutindo o que esses fariam, sem um consenso, e ela sugeriu que eles comprassem sorvete para a tarde. Ela saiu da "caixa" do contexto do café da manhã e achou uma solução em outro momento e de outra natureza.

Casos e exemplos concretos, reais, podem funcionar muito melhor do que descrições e definições. Eu até às vezes digo "Dê-me exemplos que eu mesmo faço a definição".

Outro exemplo: tente resolver o puzzle abaixo, descobrindo qual é o critério para colocar os números em cada caixa (Resposta no rodapé[1]):

Se nos fixarmos no contexto matemático e portanto simbólico, não vamos conseguir resolver o problema. Pensar fora da caixa, nesse caso, é mudar o filtro básico de observação para a forma. Em outras palavras, ao invés da perspectiva matemática, que começa distinguindo números, adotamos uma perspectiva que enxerga linhas, cores e suas relações.

Aprofundar, portanto, aumenta as chances de nossas ações obterem sucesso e ajuda a prevenir insucessos. Vamos ver um caso mais detalhado enquanto apresentamos várias outras possibilidades para aprofundamento.

Aplicação: conselhos de Bill Gates

Bill Gates fez uma conferência em uma escola secundária e deu conselhos sobre coisas que estudantes não aprenderiam na escola. Ele falou sobre como a política do "sentir-se bem" tem criado uma geração de crianças sem conceito da realidade e como esta política tem levado pessoas a falharem em suas vidas posteriores à escola.

Abaixo relacionamos alguns dos conselhos; veja a lista completa em www.possibilidades.com.br/cotidiano/vida_real.asp.

Consideramos esses conselhos muito bons. Muitos jovens mantêm expectativas idealizadas ou mesmo fantasiosas sobre o trabalho e a vida, e naturalmente colidem com fluxos contrários e experimentam desapontamentos e frustrações.

Mas são... conselhos, e assim são só a superfície. Vamos ver algumas possibilidades de aprofundamento dessas ideias.

Dê exemplos e conte casos

Você já ter tido experiências de ouvir alguém falando somente com abstrações, sem contar um caso, sem dar um exemplo. Já observei isso particularmente em alguns textos filosóficos. Certa vez assisti a uma palestra em um congresso nesse nível; quando o palestrante falou algo mais concreto, senti literalmente alívio.

Um caso é algo real que aconteceu com pessoas reais, e é uma ótima maneira de conectar um conselho à realidade e à experiência. No caso do conselho "Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles", haverá inúmeros casos relacionados, não só de lições aprendidas, como também de episódios negativos que acabaram resultando em experiência que garantiu o sucesso posterior.

Como um exemplo um pouco mais concreto, se você já viu alguém bom em computadores, pode saber que ele passou por muitos problemas e os resolveu. E isto não o beneficia somente; ele se torna uma pessoa muito mais capaz de ajudar outras pessoas.

Agora compare estas duas abordagens. A primeira, um conselho abstrato para casais: "Quando divergirem, tente combinar uma regra".

Veja se melhora com um caso. O casal tinha um filho pequeno que acordava chorando toda noite, e a cada vez os dois ficavam disputando quem iria atendê-lo: vai você, não, vai você, eu fui ontem... Um dia, o marido propôs uma regra: dia ímpar ele iria, dia par ela iria. A regra foi aceita e a partir daí não discutiram mais.

De fato, há algo mais aí do que uma regra: esta se tornou o critério para definição do responsável do dia, ou seja, baseou um processo de decisão para resolver o problema.

De maneira geral, quanto mais específico for o seu público, mais fácil será encontrar casos concretos. Teste essa afirmação avaliando o grau de dificuldade ou facilidade para encontrar ideias sobre:

Significado é experiência

Pessoalmente, considero que significado é experiência. Se alguém dá uma definição para um conceito, ainda é o nível simbólico que precisa por sua vez se conectar à experiência para ser entendido.

Você pode usar esse significado do significado para o guiar. Por exemplo, você sabe que deve conectar o que diz à experiência do seu público. Essa é uma razão para ter um público mais definido, encontrar casos e exemplos concretos com que sua audiência se identifique será muito mais fácil.

E como você sabe que conseguiu fazer essa conexão com a experiência? Isso ocorrerá quando você visualizar em sua mente uma cena detalhada, definida, envolvendo uma ou mais pessoas do seu público fazendo alguma coisa. Por exemplo, compare o que você consegue imaginar nessas duas descrições:

Sintetize - ou pelo menos batize

O conselho "Antes de você nascer seus pais não eram tão chatos como agora... tente limpar seu próprio quarto" é longo, o que dificulta sua memorização e subsequente lembrança. Atribuir um nome a um conselho ou grupo de conselhos vai ajudar. No caso, um nome pode ser Assuma a responsabilidade. O ideal é uma palavra ou termo que sintetize as ideias, mas, se não for possível sintetizar, apenas dar um nome ao bloco já funciona.

Outro exemplo: o conselho "Fritar hambúrgueres... eles chamam de oportunidade" sugere uma estratégia evolutiva de vida, que por sua vez remete a ter metas cada vez maiores. O conselho poderia ficar assim:

O conselho se tornou agora o detalhamento de uma ideia maior, representada por uma única palavra.

Usando imagens para sintetizar

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. Em muitas situações realmente uma imagem é insubstituível e acelera a fixação. Compare por exemplo você descrever a sua casa com mostrar uma foto dela ou mesmo a planta baixa. Descrever algo concreto por completo acaba sendo impraticável.

Usar uma metáfora representada visualmente, então, irá agregar valor à síntese. E se usar humor, a imagem será ainda mais memorável.

Só não se deixe iludir pela afirmação não contextualizada sobre uma imagem valer muitas palavras; há palavras que valem por mil imagens. Alguns exemplos de que gosto são "estrutura" e "essência"; tente expressar algo que precisa dessas palavras/ideias sem elas, como por exemplo “a estrutura da minha casa”. Simplesmente há coisas que não são concretas e para as quais a linguagem é indispensável.

Bem, quase indispensável. Ainda resta uma possibilidade para sintetizar conceitos: imagens simbólicas. Se existir na cultura alguma imagem assim para o que você quer, ótimo; caso contrário, você ainda tem a possibilidade de construir o significado para uma imagem no pensamento do seu público.

Se a mídia do produto for dinâmica, como uma página Web ou apresentação de slides, não precisamos nos restringir a uma imagem estática. Pode ser interessante usar um pequeno vídeo ou gif animado. Outra possibilidade aqui são cenas de morphing, aquelas em que algo se transforma em outra coisa. Uma que acho sensacional é o que transforma os rostos de seis atrizes, parte das cenas são mostradas nas figuras abaixo (www.youtube.com/watch?v=wZurRt0TidI).

Associe uma metáfora

Você já fez limonada com algum limão que a vida lhe apresentou? Você já bateu o martelo para decidir algo? Metáforas são tão boas para educar e ensinar que são por exemplo milenarmente usadas em livros religiosos, que visam todo tipo de público. Associar uma metáfora a um conselho vai então facilitar sua aplicação.

Alguns exemplos:

Pesquise “metáforas alimentares” para ver mais desse tipo de metáforas.

Um tipo de metáfora é a parábola, que é narrativa, uma historinha. Você vai encontrar milhares; as minhas preferidas eu coloquei no site Possibilidades, seção Parábolas. Um site com extensa coletânea de parábolas é http://metaforas.com.br/metaforas. A cultura oriental tem muitas parábolas com um personagem chamado Nasrudin; veja um exemplo no quadro.

Parábola: A mulher perfeita

Nasrudin conversava com um amigo, que lhe perguntou:

– Então, mullah, nunca pensaste em casamento?

– Já pensei. Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, cheguei a Damasco, e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem, e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era uma moça bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.

– E por que não casaste com ela?

– Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

Você vai encontrar muitas fontes dessas parábolas pesquisando na internet por “nasrudin”.

Aplicando metáforas ao nosso contexto, no caso do conselho "Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles", por exemplo, uma possível metáfora é:

"Se a vida lhe der um limão, esprema-o e faça uma limonada"

Tem gente que brinca com essa metáfora, dizendo que prefere fazer caipirinha. Se o seu público preferir mousse de limão, ótimo; quanto mais cair no gosto do "freguês", maior será a receptividade e mais fácil será a fixação.

Usando imagens para metáforas

Como na síntese, usar uma imagem pode facilitar tornar metáforas expressas em linguagem mais facilmente memoráveis.

Qual será a melhor imagem depende do que você quer representar e transmitir. A primeira imagem acima, por exemplo, mostra o ato de espremer o limão. Já com a segunda podemos incluir a ideia de que podemos usar algum recurso para apoiar e facilitar a ação de “espremer”.

Organize melhor

As pessoas nem sempre organizam bem as ideias ao se comunicar, principalmente quando falam de improviso. Bem, algumas nem têm critérios para organizar as ideias em textos e falas com qualidade. Uma das evidências para você reconhecer a falta de qualidade na organização de ideias é quando se sente confuso, sem clareza: as ideias não se encaixam ou não se relacionam adequadamente, ou ainda se sobrepõem.

A propósito, um lado positivo da confusão é que pelo menos há ideias, o que pode ser melhor do que não ter nenhuma.

Esse cenário proporciona a oportunidade de reorganizar o conteúdo. Por exemplo, vimos que o conselho "Fritar hambúrgueres..." fala de evolução pessoal (ou pelo menos optamos por colocá-lo nesse contexto). O conselho "Você não ganhará 40 mil..." está falando, com outras palavras, da mesma ideia.

Note que, ao integrarmos os dois conselhos por meio de uma única ideia, os conselhos que foram integrados se tornaram exemplos, casos particulares da ideia:

EVOLUA

Preciso dar uma alerta: a organização de ideias é um assunto que daria por si um livro e aqui foi abordada muito superficialmente! Por exemplo, para organizar usamos uma estrutura conceitual. Temos conteúdos sobre organização de ideias; se você tiver interesse, seu contato contribuirá para aumentar a prioridade desse tema.

Limites para o aprofundamento

Quando se dedicar a aprofundar alguma coisa, você logo vai descobrir que não há limites; é como aumentar um buraco (ôpa, um exemplo de metáfora).

Algo que pode ocorrer é, ao buscar aprofundamento, você descobre um subtópico que na verdade daria outra obra. Por exemplo, você está estudando genética e descobre que mutações podem ser resultado de alterações no nível quântico, e por trás disso tem toda um ramo de uma outra ciência.

Nesses casos, precisamos de alguma regulação, algo que direcione e estabeleça limites. Alguns conceitos podem auxiliar nesse sentido.

Público

Quando mais você souber sobre sua audiência, sobre o público que você quer atingir, mais fácil será aprofundar, mais fácil será encontrar exemplos e casos para contar, enfim, mais fácil será ter direções para seguir e conectar seu conteúdo à realidade do público.

Pré-requisitos para o público

Considere o ensino. Um professor planeja o ensino de uma disciplina considerando que receberá os alunos em um certo nível e os levará a um nível acima. Por isto, receber alunos desnivelados para baixo é temível e terrível para o planejamento do ensino (desnivelados para cima a gente dá um jeito).

Então, quando você produz conteúdo, é indispensável caracterizar seu público em termos de que conhecimentos e habilidades são requeridos para entender e aproveitar seu conteúdo: os pré-requisitos. Por exemplo, os conteúdos desta seção pressupõem que o público sabe escrever; não falo nada sobre qualidade de redação e nem tenho a pretensão de corrigir anos de formação malfeita.

Objetividade

Há vários tipos de objetivos em um projeto. Um são seus objetivos pessoais, que podem ser financeiros. Outro tipo são os objetivos do conteúdo. É destes objetivos que estamos falando: não ter objetivos para o conteúdo é deixar tudo aberto e você nunca terá um critério para parar.

E os objetivos do conteúdo estão ligados ao público-alvo: o que você pretende que mude no público? O que ficará diferente no público entre antes e depois de terem acesso ao seu conteúdo?

Por exemplo, um objetivo dos meus conteúdos relacionados a, bem, produção de conteúdo, é os leitores serem capazes de produzir conteúdo estruturado, usando um processo também estruturado. Outro objetivo, complementar a esse, é fornecer também uma implementação para essa forma de trabalhar trabalho.

Uma sugestão. Nós somos aculturados e temos condicionamentos para colocar tudo em palavras; em certas situações isso pode limitar as definições de objetivos. Uma alternativa é imaginar, visualizar seu público usando seu conteúdo. No caso do objetivo do processo deste conteúdo, por exemplo, eu visualizo alguém trabalhando com os documentos, criando e desenvolvendo matérias, definindo e gerando produtos. Como tenho muita experiência com isso, sou capaz de visualizar tudo rapidamente. A experiência é a chave: se não estamos conseguindo visualizar com detalhes alguém fazendo algo, é porque não temos referências próprias para o algo, somos “teóricos”. Idealmente, portanto, visualize o que você quer com seu conteúdo, em situações concretas; se estiver difícil, experimente começar com palavras, mas mesmo assim busque visualizar as situações.

Outras possibilidades

Prospecção: carona nas celebridades

O tema para trabalharmos o aprofundamento do superficial veio de Bill Gates. Também Einstein deu seus conselhos; veja por exemplo https://www.linkedin.com/pulse/25-lições-de-vida-albert-einstein-andré-bartholomeu-fernandes

Uma possível linha de prospecção de temas é justamente usar conteúdos de celebridades, pegando "carona na reputação" delas.

Extração

Taylor Wilson, aos 14 anos, foi a 32ª. pessoa na história a conseguir a fusão nuclear – iniciada na garagem da sua casa. Ele também inventou um detector de radiação mais preciso, sensível e barato que os existentes, com o qual ganhou a Intel Internacional Science and Engineering Fair, com mais de 1.500 concorrentes. Além disso, ele ganhou uma vaga no conselho nacional americano que trata de radioatividade, tudo isso com menos de 18 anos. Taylor também criou um reator de fissão nuclear, que usa material radioativo de armas nucleares desativadas para alimentar pequenas usinas que ficam em lugares subterrâneos altamente seguros contra desastres e ataques terroristas. Esse novo reator, que ele quer empreender, conseguirá fornecer energia por 30 anos com apenas uma carga de material.

Em dezembro de 2017, Taylor foi entrevistado por Tom Bilyeu, e o vídeo publicado no YouTube sob o sugestivo nome de Porque a Genialidade Não Importa. Nessa entrevista, ele fala bastante sobre sua personalidade, motivação e métodos. Por exemplo, quando ele toma decisões sobre objetivos, ele se dedica até alcançá-los; no caso da fusão, levou 4 anos. Também se diz extremamente cauteloso, o que é recomendável para quem lida com material radioativo. Ele regularmente procurar aprender coisas novas em seus campos de interesse, e faz contatos com profissionais e cientistas que podem lhe passar informações.

Partindo dessa entrevista, nós elaboramos um conteúdo sobre fatores de sucesso de empreendedores. Extraímos tópicos e aprofundamos cada um, também enriquecendo com conteúdo próprio.

O que fizemos é o que chamamos de extração: partimos de algum conteúdo e um tema e extraímos partes do conteúdo relacionadas ao tema, gerando conteúdo original. Na extração, podem ser aplicadas outras linhas de ação aqui propostas, como aprofundamento e visualização de estrutura. Claro, também podem ser agregados conteúdos relacionados de outras fontes. No caso de Taylor, há artigos, reportagens e palestras dele mesmo.

Possíveis fontes

O canal de Bilyeu no YouTube tem muitas outras entrevistas e vídeos próprios com recomendações para empreendedores:

Cada vídeo é um potencial ponto de partida. Só fique atento, os títulos são feitos para chamar a atenção e podem prometer muito mais do que entregam.

Sobre capacitação pessoal, biografias também podem ser boas fontes. Pesquise essa palavra para achar vários links; a Wikipédia também tem uma área para biografias. Note que saber fazer é diferente de descrever como faz, e alguém que teve sucesso pode não saber exatamente tudo que fez. Taylor é um bom caso, porque ele tem muita autoconsciência de seus métodos e de como ele próprio funciona.

Extraindo lições

A série Game of Thrones tem, na minha opinião, muita “inteligência agregada”, em termos de estratégias e diálogos. Imaginei que alguém já teria gerado um conteúdo do tipo “Lições de Game of Thrones”, fui pesquisar e acertei. De fato, encontrei muito mais do que esperava ou mesmo imaginava:

Depois dessa última parei de procurar, deve haver ainda mais tipos de lições extraídas da série (só pesquisei em inglês). E para vários encontrei múltiplos links com o mesmo enfoque.

Você deve ter notado o potencial da extração para esse tipo de conteúdo, lições. Se você optasse por desenvolver produtos só com esse ponto de partida, esse enfoque, essa abordagem, teria assunto para o resto da vida.

E lições são um tipo de conteúdo estruturado em unidades independentes ou pelo menos com alto grau de independência, e você pode assim usar nosso processo de produção estruturada em série: vai coletando e desenvolvendo cada lição, aplicando as linhas de ação aqui propostas, e poderá então gerar produtos de todo tipo para a parte madura – o suficiente - do conteúdo.

Claro, com tamanha amplitude de possibilidades, você terá que definir um público e escopo precisos, para ter mais objetividade e poder entregar mais relevância. Por exemplo, para lições de liderança, além de Game of Thrones, você poderia pesquisar outras fontes e outros autores e buscar um nicho mais específico e possivelmente menos explorado, como, por exemplo e só supondo, liderança em casa ou liderança de equipes difíceis.

Extraindo do seu próprio conteúdo

Suponha que você tem um ebook maior e decide gerar um artigo com alguma parte do conteúdo para publicar no LinkedIn ou no Medium, por exemplo, como parte da estratégia de divulgação do ebook. Neste caso, você fez uma extração do seu próprio conteúdo para gerar um produto.

Ou seja, a mesma estrutura de pensamento que você usa para extrair conteúdo de uma fonte de terceiros você pode usar para extrair de sua própria produção. Assim, exercitar a extração, mesmo sem intenção de aproveitamento, pode ser bem conveniente para você fazê-la com mais agilidade e produtividade.

Visualização de estrutura

Leia o seguinte trecho:

O futuro projetado e decidido é seu futuro real. O futuro real inclui as previsões que você está fazendo e os planos que fez sobre essas previsões. A ramificação relativa à proposta de mudança de emprego constitui um futuro alternativo. Quando é factível e viável, um futuro alternativo tem a natureza de possibilidade.

Agora leia o mesmo trecho e verifique se há alguma diferença:

O futuro projetado e decidido é seu futuro real. O futuro real inclui as previsões que você está fazendo e os planos que fez sobre essas previsões. A ramificação relativa à proposta de mudança de emprego constitui um futuro alternativo. Quando é factível e viável, um futuro alternativo tem a natureza de possibilidade.

Os termos em negrito destacam do restante as ideias principais. Essas ideias de fato compõem a base da estrutura de ideias contidas no parágrafo. Elas sugerem ao leitor para organizar as ideias com base nesses termos. Já a palavra em itálico também é uma ideia importante, mas secundária, que caracteriza o termo “futuro alternativo”.

A linguagem é sequencial, mas ideias não; ideias têm relações entre si que introduzem dependências e possivelmente níveis. Uma forma de representar essa estrutura é com o esquema abaixo (mais sobre esquemas à frente).

Futuros

Real

Previsões e planos

Decidido

Alternativo

Factivo e viável: possibilidade

Enquanto a prosa tem muitos elementos não significativos, meramente gramaticais, como artigos e preposições, o esquema não só contém somente ideias principais como também evidencia visualmente os níveis das ideias.

Avalie: qual você preferiria para estudar e pensar, a representação em prosa ou a estruturada? E qual seria mais fácil de memorizar e lembrar?

Eventualmente você não vai poder escolher a versão estruturada, por que nem sempre cabe ou compensa representar todas as informações em um esquema ou outro formato estruturado. Mas a estrutura o auxilia a recuperar conteúdo da sua memória de uma forma organizada, e você vai recorrer ao texto apenas para rever detalhes, quando for o caso.

A oportunidade e a linha de ação

Nós vivemos em um mundo vastamente baseado na prosa, ou formato discursivo: nossas conversas são em prosa, vídeos são em prosa, livros, palestras e noticiários também. Em alguns casos, como quando há uma apresentação de slides bem feita, temos o alívio de poder visualizar a estrutura. Alguns vídeos até incluem na lateral um termo-chave ou uma estrutura de tópicos. No caso de livros, por vezes o sumário pode ajudar, mas isso não é uma regra. E há livros que não destacam nenhuma ideia principal e sequer dão títulos para seções.

O formato de prosa dificulta extrairmos conteúdo para finalidades de uso/aplicação prática, porque:

A proposta

Problema de um, oportunidade de outro. Se por um lado essa situação cria dificuldades para quem lê e assiste, por outro abre a oportunidade de alguém pegar esses conteúdos, extrair sua estrutura e representá-la visualmente. Existem muitas formas para fazer isso; esta seção apresenta algumas.

Destaques

Esta descrevemos na introdução e é a mais simples; negrito, itálico, sublinhado e combinações dessas formatações em termos-chave para destacar algo essencial e principal já ajudam.

Esses destaques funcionam na medida em que são diferentes do que está ao redor; destacar demais reduz o efeito dos destaques. Também é interessante usar os mesmos destaques para termos no mesmo nível estrutural.

Em mídias dinâmicas, como páginas Web, o conteúdo pode ter efeitos visuais, como piscar, mudar de cor, aumentar e diminuir, se mover. Pessoalmente, não uso esse tipo de recurso, por que, quando a pessoa não estiver observando o destaque, ele vai continuar e assim se torna uma possível fonte de distração.

Enumerações

Outra forma simples de mostrar a estrutura é nas enumerações ou listas, simplesmente dedicando uma linha para cada item. Verifique isso comparando estas duas representações do mesmo conteúdo:

METÁFORAS

Árvore forte é a que cresce aos ventos. Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela. Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa). Ideia-bebê. O holofote da atenção. Isso vai ser mamão com açúcar. Pepino/abacaxi para resolver.

METÁFORAS

  • Árvore forte é a que cresce aos ventos.
  • Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela.
  • Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa)
  • Ideia-bebê
  • O holofote da atenção
  • Isso vai ser mamão com açúcar.
  • Pepino/abacaxi para resolver.

No início desta seção há um exemplo de razões evidenciadas visualmente, e você vai encontrar muitas outras nos meus conteúdos.

Listar os itens de toda e qualquer enumeração pode não ser um bom critério. Veja este exemplo (da Wikipédia):

Kate Perry já vendeu aproximadamente 134,6 milhões de singles e 16,1 milhões de álbuns mundialmente e atualmente é a terceira artista que mais vendeu canções digitais nos Estados Unidos com mais 79,6 milhões de canções vendidas.Ela já foi diversas vezes indicada em prêmios da indústria da música, como o Grammy Award, MTV Video Music Awards, MTV Europe Music Awards, People's Choice Awards, Teen Choice Awards e Kids Choice Awards. Considerada uma sex symbol, a cantora foi eleita a "Mulher Mais Sexy do Mundo de 2010" pelos leitores da revista Maxim.

Com a enumeração em linhas:

Perry já vendeu aproximadamente 134,6 milhões de singles e 16,1 milhões de álbuns mundialmente e atualmente é a terceira artista que mais vendeu canções digitais nos Estados Unidos com mais 79,6 milhões de canções vendidas.[17][18][19] Ela já foi diversas vezes indicada em prêmios da indústria da música, como:

Considerada uma sex symbol, a cantora foi eleita a "Mulher Mais Sexy do Mundo de 2010 pelos leitores da revista Maxim.

Neste caso, não nos parece que a lista é estrutural o bastante para merecer destaque. Mas isso sempre dependerá do contexto.

Separar os itens de enumerações em linhas implica em maior espaço utilizado; se houver restrições nesse sentido, podemos acabar optando por deixar no mesmo parágrafo e dar algum destaque local, como negrito.

Tabelas

Uma forma mais conhecida de estruturar informação é a tabela:

Tabelas, como esquemas, eliminam ou minimizam elementos meramente gramaticais e mostram as relações entre ideias visualmente. Na tabela acima, o nome e os dados de um aparelho estão na mesma linha. Podemos comparar os dados entre aparelhos na vertical.

Uma versão mais elaborada de uma tabela é a planilha (figura). Uma planilha, além das vantagens da tabela, possibilita automatizar o cálculo de dados variáveis.

(Fonte: http://agencialivecom.com/news/quanto-investir-em-uma-campanha-de-anuncios-no-facebook/)​

Tente descrever em prosa essa planilha! E como seria alguém entender essa descrição sem a planilha?

A estrutura de tabela pode envolver subníveis estruturais em cada dimensão. O exemplo a seguir mostra subníveis para colunas.

Sumários hierárquicos

Muitas ideias têm estrutura hierárquica, isto é, em árvore. Uma boa opção então torna-se extrair as ideias principais da obra e representá-las em formatos com essa estrutura.

O esquema, uma hierarquia de tópicos, é uma representação textual simples em que os níveis são mostrados através de recuos em cada linha. Já usamos esquemas neste conteúdo; veja abaixo outro exemplo.

Esse exemplo é de um esquema bem simples; esquemas podem ser mais elaborados, por exemplo com chaves (“{“):

O mapa mental é de certa forma uma evolução do esquema, acrescentando bordas e linhas coloridas e imagens aos tópicos. Veja abaixo o mesmo esquema acima inserido em um mapa mental, com uma ilustração.

Esquemas e mapas mentais compõem uma categoria, os sumários. Já os resumos também contêm ideias relevantes, mas são em prosa.

Sumarizando uma obra em prosa, você agregará valor para seu público, que já terá as partes relevantes extraídas e muita facilidade de visualização da estrutura.

Temos boa experiência em elaborar e mesmo vender sumários na forma de mapas mentais, e esta é então a possibilidade que vamos detalhar.

Sumários em mapas mentais

Um dos produtos do site Mapas Mentais, que desenvolvemos e depois transferimos, foi um documento contendo um sumário do livro Quem Mexeu no Meu Queijo em mapa mental e alguma prosa; a imagem a seguir mostra uma visão geral desse mapa mental.

Basicamente o que foi feito consistiu na extração das principais ideias do livro e seu detalhamento, ou seja, uma sumarização.

Esse tipo de trabalho para livros foi feito em maior escala na MindMapShop, antiga loja on-line de produtos de mapas mentais, como por exemplo sumários dos livros O Gerente-Minuto e Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes.

Além de livros, podem ser sumarizados vídeos, artigos e toda sorte de produtos com prosa. Em particular acho interessante a sumarização de vídeos porque, embora possam ser bons para um primeiro contato com um conteúdo, para recuperação de trechos específicos e para estudo eles não são tão produtivos. Claro, também podem ser integradas várias dessas fontes.

Os tipos de produto podem ser vários:

Um possível conteúdo para encorpar um produto contendo um mapa mental é fornecer instruções para ler um mapa mental, que para algumas pessoas observamos não ser óbvio.

Você pode também agregar algum valor entregando também os originais dos mapas mentais para quem eventualmente queira adaptá-los. Será difícil agradar a muitos, já que são inúmeros os aplicativos de mapas mentais e poucos conversam entre si. Mas eventualmente você pode achar um nicho onde algum aplicativo esteja mais difundido.

Uma questão relacionada é a de direitos autorais. Não deve haver problemas, porque os direitos são estabelecidos sobre a forma, não sobre ideias. Um bom exemplo é o de jogos: não se pode registrar as regras de um jogo, mas somente seu texto. Os produtos da MindMapShop, como o Sumário do Livro O Gerente-Minuto, foram vendidos por anos, sem nenhum incômodo.

Indo além: roteiros

Em um até então tranquilo sábado à tarde, meu filho, na época pré-adolescente no ensino médio, virou-se para mim e disse:

- Pai, tenho prova de análise sintática na segunda-feira e não sei NADA!

Não é possível!”, foi o primeiro pensamento e reação. Mas como conclusões podem ser superficiais, prematuras, precipitadas, decidi tentar algo, nem que fosse por desencargo de consciência.

Peguei o livro, dei uma folheada e vi que os conteúdos estavam dispersos por vários capítulos. Eu já tinha habilidades de mapas mentais e um aplicativo, tive a ideia de sumarizar tudo em um mapa mental.

Peguei o livro-texto de Português e percorri os capítulos, selecionando o conteúdo relevante e colocando no mapa mental, seguindo a estrutura do livro: sujeito, predicado, verbo, objetos direto e indireto, classificação das orações e por aí vai, com subtópicos de detalhamento. Essa primeira versão ficou semelhante à abaixo (o original não foi preservado):

Mostrei o mapa mental para ele ainda no computador, para verificar se pelo menos eu estava na direção certa. Ele nem precisou falar; sua expressão me revelou que não tinha havido progresso.

“O que estaria faltando?”, me perguntei.

Ocorreu-me que a causa provável para ele não conseguir usar aquele conteúdo poderia ser tão simples como ele não saber o que fazer, e aquela estrutura informativa e descritiva do livro não dava uma pista. Esse insight posteriormente se revelaria um marco na minha carreira de professor.

Voltei ao mapa mental e preparei uma segunda versão. Alterei a organização dos tópicos para montar um roteiro, um passo a passo que pudesse ser seguido. Procurei uma sequência lógica naquele conteúdo e encontrei:

  1. Delimitar o período.
  2. Distinguir as orações.
  3. Analisar cada oração.
  4. ...

Criei então tópicos principais para cada passo, como na figura:

Como subtópicos de cada passo, coloquei os conhecimentos necessários para executar cada passo e exemplos. Por exemplo, para o passo 1:

Essa etapa foi rápida, o fato de o mapa mental estar em um aplicativo (e não desenhado) facilitou bastante a reorganização da segunda versão, na maior parte movimentação de tópicos com o mouse.

O mapa mental tinha ficado grande, então fiz uma diagramação particionando-o em vários arquivos, uma para cada página. A próxima figura mostra o mapa mental máster (níveis principais) do roteiro, com alguns níveis adicionais como coube no formato A4 (alguns tópicos, os com pequenos círculos, estão contraídos, isto é, seus subtópicos não são exibidos). Os ícones à direita de alguns tópicos indicam que há um mapa mental que detalha o tópico.

A próxima figura mostra um detalhamento do passo 4, os tipos de oração coordenada. Considero que os exemplos são fundamentais; descrições somente, para quem não tem experiência, podem ser insuficientes e implicam em risco de distorção de significado.

Imprimi os mapas mentais e passei para ele. Dali a alguns minutos, ele volta e diz, com um ar e uma expressão que não sei descrever:

- Assim é fácil, né, pai!

E olha que eu nem tinha explicado o conteúdo. Depois ele me disse que tinha se saído bem na prova.

Análise

Note que o sumário simples não funcionou porque meu filho não sabia o que fazer, não tinha uma estrutura de ações que servisse de base para ele montar um plano, por inicial que fosse.

Há muitas, muitas mesmo, obras assim descritivas e que não mostram uma estrutura para guiar as pessoas no que fazer. Sumarizar a parte relevante de tais obras e apresentá-las em formato de roteiro, representado ou não em mapa mental, pode agregar um valor inestimável.

Mas convém ter experiência com o conteúdo, para a obra ficar mais prática e realista. Ou então testar bem o produto e amadurecê-lo com feedbacks.

Facilitando o uso de vídeos

Vídeos são uma das mídias mais usadas na internet atualmente, mas convenhamos: recuperar partes específicas para relembrar conteúdos pode ser muito inconveniente. Alguns vídeos nem mostram os controles. Os piores são os de frente para a câmera, a pessoa apenas fala. Já vimos alguns que mostram tópicos ao lado, o que já ajuda.

Alguns vídeos têm sua transcrição disponível, como os do site de palestras ted.com, que inclusive sincroniza a transcrição com o vídeo, destacando o que o palestrante está falando. Já o YouTube tem transcrições, mas de pior usabilidade por não ter estrutura de parágrafos ou pontuação.

Uma linha de ação inspirada por essas dificuldades é elaborar resumos e/ou sumários do conteúdo de vídeos. Toda a estrutura de ideias fica então disponível em um único visual, com a estrutura evidente. Repetições podem ser simplificadas ou mesmo eliminadas.

Em particular, considero úteis sumários de aulas de cursos. A maioria dos cursos que vimos são informativo-explicativos, como por exemplo os que ensinam a usar algum aplicativo; dispor de roteiros em mapas mentais para tais conteúdos pode ser valiosíssimo.

Fatores críticos de sucesso

O fato de alguém usar um mapa mental ou outra visualização de estrutura não significa que estará agregando valor. Na verdade, sem qualidade, a tentativa de solução pode é dificultar. Apresentamos aqui alguns fatores que consideramos estruturais para a qualidade de mapas mentais e estruturas hierárquicas em geral.

Organização de ideias

A melhor organização de ideias/tópicos em um mapa mental pode ser e muitas vezes é diferente da organização da fonte, e achar essa melhor organização pode dar algum trabalho. E a qualidade dessa organização determina se o leitor experimentará confusão ou clareza e se irá querer mais obras similares, então esse aspecto da qualidade é crítico.

Se você não estiver seguro sobre a qualidade da organização de ideias de algo que elaborou, ou mesmo se se sentir seguro, faça testes com outras pessoas, buscando se, ao lerem, elas sentem clareza ou confusão, no todo ou em partes. É comum as pessoas se referirem ao todo mesmo quando não acompanham uma parte: “Não entendi nada” ou “Está embolado”; nesses casos, faça perguntas para saber onde foi que a pessoa se perdeu para ter alguma referência para o que melhorar.

Usabilidade e diagramação

Um mapa mental pode ficar grande, e apresentá-lo inteiro sem ser em papel pode reduzir bastante sua usabilidade. Uma opção aqui é gerar um PDF em uma única página.

Pode ser interessante fornecer uma versão imprimível da obra; visualizar em papel em geral permite vermos mais no mesmo campo visual do que em telas. Isso vai requerer diagramação do mapa mental por meio de segmentos lógicos (partições) que caibam nas folhas ou outro espaço restrito. Mas aí cada tamanho de página (A4, A5) vai requerer diagramação própria. Um bom programa de mapas mentais automatizaria isso, mas ainda não conheci nenhum.

Em geral, você deve considerar que seu produto será usado, pelo menos você espera e deseja isso, e esse uso será mais ou menos fácil, mais ou menos ágil, mais ou menos proveitoso, e isso comporá a experiência do usuário com o produto e seu conteúdo, que será parte da formação da sua reputação junto àquele leitor.

Outras possibilidades

Oportunidade

Pegar carona no sucesso, sumarizando um livro ou outra obra de um autor que está se destacando na mídia.

Sinergia de motivação

Ao estudar um livro (por exemplo) para objetivos pessoais, fazer um mapa mental do livro para usá-lo também em negócios. Fazer algo que serve a duas ou mais finalidades potencializa a motivação por causa da sinergia: as energias das motivações individuais se combinam não por simples soma, mas por algo mais semelhante a uma multiplicação.

Diagramas

Imagine que você leu o seguinte:

“O que você não sabe de fato é um tipo de saber. Ou seja, quando aprende algo novo, do qual há muito que você não sabe, expande seu saber e o seu não saber”.

Uma coisa é entender essas afirmações. Outra é usá-las. Você consegue imaginar uma aplicação dessas afirmações?

Agora observe a próxima figura (abstraia o nível da consciência). Veja como foi representado o fato do não saber ser parte do saber, como uma figura interna.

Agora considere que você acabou de descobrir algo novo; este vai “entrar” na figura Não sei. Como esta está dentro de “Sei”, esta também cresce. Temos então uma representação estruturada e visual para a afirmação “Quando você aprende algo novo, expande seu saber e o seu não saber”.”

Essa figura é apenas ilustrativa (e não um modelo formal), mas mostra a estrutura de uma afirmação discursiva. Quando pensar em saber e não saber, ao invés de usar como base a linguagem, você agora pode usar com base uma imagem simbólica.

Não estamos apresentando nenhuma novidade. Considere por exemplo pensar em uma casa com base em sua descrição: “80 m2, 2 quartos, sala, cozinha, dois quartos...” ou usar uma figura de sua estrutura, a planta baixa. Mais, considere discutir com outras pessoas sem a figura, somente com linguagem comum. Comunicar a estrutura ainda é bem factível, mas experimente descrever a distribuição dos cômodos.

Uma figura composta por símbolos, cada um com seu significado, e relações entre os símbolos, é chamada de diagrama. Na figura da estrutura do saber, por exemplo, temos símbolos para saber e não saber, que tem a mesma forma geométrica e diferem nas cores. Na planta de um imóvel, teremos símbolos para paredes, portas, janelas e tudo que se quiser representar em uma planta específica. Isso pode incluir representações parecidas com as coisas representadas, como sofá, mesa e fogão. A semelhança facilita reconhecermos cada elemento, mas continuam sendo símbolos por que representam algo da realidade.

Outro exemplo de diagrama é o fluxograma, com o qual podemos representar fluxos envolvendo ação (retângulo), decisão (losango) e fluxo de execução (setas). Veja um exemplo bem básico na figura.

Diagramas são usados para elaborar modelos, como de informações, de estrutura e de comportamentos de objetos, aplicativos, máquinas e qualquer outra coisa que tenha uma estrutura estática ou dinâmica.

Atualmente está crescendo a popularidade dos algoritmos, que representam um modelo de instruções para se obter um determinado resultado; algoritmos tipicamente podem ser modelados usando-se diagramas, os mais simples por meio de fluxogramas como o acima.

Existem centenas de tipos de diagramas e outras tantas ferramentas para editá-los, nossa intenção aqui é meramente mostrar a você que eles existem e para que eles servem na nossa inteligência. Para conhecer possibilidades sobre diagramas, sugerimos você pesquisar “diagramas” no Google Imagens. E, ao olhar os resultados, procure se lembrar de que você estará aumentando o seu não saber.

Pensando com diagramas

Nós estamos muito treinados e acostumados com o pensamento baseado em linguagem. O raciocínio lógico, por exemplo, tem essa base. Bem, em meu pensamento há coisas que prefiro nem chamar de pensamento, como comentários; algumas coisas que aparecem na minha consciência eu prefiro chamar de “conversa”.

Diagramas constituem uma possibilidade fantástica para aumentarmos a potência do nosso pensamento: usá-los como base, como estrutura para pensar. Já fazemos isso com plantas baixas e mapas, por exemplo. Na engenharia de software, e devidamente estimulados pela complexidade e quantidade de informações com que temos que lidar, isso já é feito há décadas com toda sorte de diagramas.

E como diagramas funcionam para pensarmos? Porque, para os entendermos, usamos uma habilidade treinada desde cedo: uma linguagem composta por símbolos e regras. Assim como a linguagem comum molda uma forma de pensar, cada tipo de diagrama constitui e molda uma forma de pensar. E, melhor do que a linguagem comum, formas de pensar estruturadas e simplificadas, contendo somente alguns símbolos significativos relevantes para um resultado.

Acho interessante reforçar esse aspecto da nossa capacidade de lidar com linguagens e a maior facilidade dos diagramas. A linguagem comum envolve conhecimentos e habilidades para lidar com milhares de símbolos, centenas de regras, outras tantas exceções. E mais: uma palavra ou termo pode ter mais de um significado, e então precisamos recorrer ao contexto para determinarmos o significado.

Tudo isso fazemos de forma subconsciente. Um caso para você eventualmente ter uma ideia melhor da nossa capacidade. Perguntei ao meu netinho então com 2 anos e 7 meses: “Você pretende levar a bola para o clube?” Ele: “Não, eu não pretendo não”. Eu nem sabia se ele sabia o significado de ‘pretender’, mas ele fez a conjugação correta do verbo!

Ou seja, diagramas requerem uma habilidade de pensamento que todos dominamos. Mesmo pessoas que sofrem de amnésia ainda continuam capazes de processar linguagem: esquecem quem são mas não esquecem habilidades.

Tem mais: além da linguagem nativa, muitos de nós trabalhamos com outra língua e ainda palavras de outras línguas misturadas com a nativa. Programadores de computador trabalham com múltiplas linguagens de programação; no caso da Web, às vezes três ou mais linguagens em uma mesma página. Em termos de linguagens visuais, temos os sinais de trânsito e gestos.

Outro aspecto interessante é a velocidade do pensamento para processar linguagens dominadas. Por exemplo, leia a frase abaixo (ignore o significado):

“Ô, peça, não me peça para pegar aquela peça senão lhe prego uma peça”.

Nessa frase foi usada uma mesma palavra quatro vezes, em cada uma com um significado diferente. Para cada ocorrência, seu pensamento teve que recorrer ao contexto para descobrir seu significado, e fez tudo isso provavelmente antes de você piscar! A expressão “velocidade do pensamento” aqui é literal.

Assim, pensar usando diagramas é muito mais fácil tanto para aprender quanto para usar.

Diagramas formais

Um mapa rodoviário tem uma legenda, onde constam os símbolos usados no mapa e seus significados: cidades com tantos habitantes, rodovias e outros tipos de estradas e outros elementos. Quando há um conjunto restrito de símbolos que podem ser usados em um diagrama, este é formal. Em um diagrama informal não precisa haver esse rigor.

O conjunto de símbolos de um diagrama, como uma legenda, por si constitui uma espécie de linguagem. Esse conjunto representa as possibilidades de que dispomos para usar em um diagrama que o use.

Para ler e pensar sobre um diagrama com a rapidez com que processamos a linguagem comum, precisamos dominar seus símbolos. Isso tem natureza de habilidade e portanto pode requerer treino. “Pode requerer” porque certos diagramas têm símbolos cujos significados as pessoas familiarizadas com o contexto podem inferir rapidamente. Em geral somos capazes de fazer isso com plantas baixas de residências, por exemplo, mesmo quando têm símbolos não padronizados. Chamamos esses diagramas de intuitivos. Essa noção de ‘intuitivo” é relativa, isto é, depende da pessoa; um diagrama que é intuitivo para algumas pessoas não necessariamente o é para outras. Pessoalmente, uso essa noção de intuitivo para avaliar a qualidade de um diagrama; os melhores, as pessoas que conhecem o conteúdo geralmente não precisam de explicação.

Existem muitos diagramas formais, particularmente na área de desenvolvimento de software. Por exemplo:

- Diagrama de atividades

- Diagrama de classes

- Diagrama de entidades e relacionamentos

- Diagrama de casos de uso

- Diagrama de ciclo de vida

- Diagrama de causa e efeito (Pensamento Sistêmico)

Exemplo de diagrama

Considere uma lâmpada na sua casa. Ela pode estar normalmente em dois estados, acesa e apagada. Estando apagada, pode ser acesa, e estando acesa, pode ser apagada; essas são transições entre os dois estados possíveis.

Estados e transições entre estados são muito comuns no nosso cotidiano:

- O câmbio de um carro com 5 marchas tem 7 posições, incluindo o ponto-morto e a marcha-a-ré. Cada posição é um estado desse câmbio, e cada passagem de marcha possível de uma posição a outra é uma transição.

- Um semáforo tem 3 estados, cada um correspondendo a uma cor, e as transições seguem a sequência vermelho -> verde -> amarelo -> vermelho.

Um diagrama de transição de estados, também conhecido como máquina de estados, representa visualmente um conjunto de estados e as transições possíveis entre esses estados.

Por exemplo, para um semáforo:

Note que na transição há um símbolo complementar, o relógio, indicando que a transição é temporizada, isto é, é acionada automaticamente após um certo tempo decorrido.

Esse é um diagrama mais rico, em que os símbolos são representados por figuras; na maioria dos casos, os símbolos são figuras geométricas, como retângulos e elipses.

Vamos testar se um diagrama de transição de estados pode ser intuitivo. Verifique se você consegue identificar a que máquina o diagrama abaixo se refere.

Usamos diagramas de transição de estados para representar os estágios de evolução de uma matéria; veja Produção Estruturada em Série.

Infográficos

Vimos acima que há muitas obras em formato de prosa e que esse formato dificulta extrairmos conteúdo para finalidades de uso/aplicação prática, e sugerimos o formato de mapa mental. Outra possibilidade para resumir e sumarizar prosa é o infográfico.

Infográfico

Apresentação de informações com preponderância de elementos gráfico-visuais (fotografia, desenho, diagrama estatístico etc.) integrados em textos sintéticos e dados numéricos, geralmente utilizada em jornalismo como complemento ou síntese ilustrativa de uma notícia.

Para ver uma profusão de exemplos de infográficos, pesquise "infográfico" no Google Imagens. Experimente também acrescentar algum filtro na pesquisa, como "água".

O blogueiro Henrique Carvalho tem vários infográficos sobre marketing digital: http://landing.viverdeblog.com/materiais-educativos/

Infográficos podem funcionar muito bem como iscas digitais. O mesmo Henrique Carvalho publicou o infográfico 80 Erros Gramaticais Que Fazem Você Parecer Um Idiota (disponível em https://viverdeblog.com/erros-gramaticais – trecho abaixo), que teve milhares de compartilhamentos e por si só arrecadou dezenas de milhares de e-mails. O conteúdo foi compilado em sua maioria de sites de educação e de revistas. Mas o próprio Henrique destaca em um vídeo que, além do conteúdo e do formato, o título foi fundamental para esse sucesso.

Note que a parte visual dos 80 Erros... é basicamente ilustrativa ou decorativa e não explicativa, e o termo "infográfico" para esse produto, na nossa opinião, foi usado bem elasticamente.

Questões de usabilidade

Usabilidade é uma medida da facilidade para se usar um produto, ferramenta ou recurso em geral. Mais simples, maior usabilidade. Menos esforço, maior usabilidade. Mais intuitivo, no sentido de o usuário conseguir entender e descobrir como usar o recurso sem instruções, maior usabilidade.

Vamos a seguir extrair alguns critérios para qualidade de infográficos avaliando a usabilidade do infográfico do exemplo.

Organização do produto

No infográfico 80 Erros..., o conteúdo é organizado em seções, como por exemplo:

Organizar é algo bom de se fazer quando há muitos elementos. Mas não há índice nem destaque visual para essa organização. Os itens são numerados independentemente das seções; se fosse algo como 1.1, 1.2, ainda ajudaria na apreensão da organização (mas aí não combinaria com o título). Também não há ordem alfabética. Assim, a usabilidade do documento é reduzida; para alguém localizar algum item que não sabe ou não lembra onde está, vai ter que fazer uma busca sistemática.

Essa questão de estruturação do documento para organizá-lo é importante para uma melhor usabilidade no caso de muito conteúdo. E não é assim tão complicado. No caso de arquivos PDF, podemos inserir um índice, que inclusive pode ter hiperlinks. E o Acrobat Reader tem recursos para lidar com seções e facilitar a navegação.

Temos conteúdos sobre organização de ideias; se você tiver interesse, seu contato contribuirá para aumentar a prioridade desse tema.

Possibilidade de impressão

Muitos infográficos são compridos e não é possível imprimi-los; de fato, via de regra nem são feitos para isso. Eventualmente pode agregar valor ao produto diagramá-lo para impressão; há circunstâncias em que material impresso é mais usável pela possibilidade de se ver mais conteúdo no mesmo campo visual. Uma possibilidade aqui é entregar duas versões, uma para leitura em tela e outra para impressão.

Elaboração de infográficos

Pelas amostras que vimos, o termo “infográfico” é usado com muita liberdade, e pode ser qualquer coisa que envolva informações e ilustrações. Se por um lado isso o torna um instrumento muito flexível e com amplo espaço para criatividade, por outro é fácil não ter qualidade na organização visual e acabar confundindo os leitores. Nesse sentido, será interessante conhecer muitos infográficos e avaliar sua legibilidade.

Em termos de ferramentas, há muitas possibilidades:

De maneira geral, qualquer aplicativo gráfico tipo Corel Draw deve possibilitar a elaboração de infográficos. A adequação de cada aplicativo vai depender de suas necessidades. Uma forma de descobrir essas necessidades é começar a fazer infográficos com o que você tiver ou mesmo à mão com o objetivo primário de fazer essas necessidades aparecerem.

Para material mais conceitual, veja por exemplo http://neilpatel.com/br/2015/12/01/...ndo-como-dobrar-seu-trafego-com-infograficos/.

Pode ser uma boa opção preparar o conteúdo informativo e deixar a parte visual para um especialista. Esse é o caso dos 80 Erros..., como indicado no final. Nesses casos, um risco é que a arte final não nos agrade; pode ser interessante solicitar que seja entregue preliminarmente um esboço, assim como fazemos planta baixa e arquitetônica de uma casa antes de iniciar a obra. Eu consideraria pedir logo dois ou três esboços com uma amostra do conteúdo, tipo uma miniatura.

Outras possibilidades

Existem também os infográficos interativos, que fornecem opções aos leitores para modificá-los. Infográficos interativos estão fora do nosso escopo e os mencionamos só para você saber que existem.

Um princípio

Esse assunto da estruturação é muito, muito vasto, por ora vamos deixar apenas sua semente. Mas, a partir de muita experiência com mapas mentais, inclusive ensinando, e diagramas de desenvolvimento de sistemas de software, identificamos uma essência que pode lhe guiar:

Pensar requer visualização da estrutura.

Às vezes digo também que “meu pensamento não funciona em modo texto”. Ao lermos um texto, precisamos identificar unidades semânticas e suas relações antes que possamos pensar sobre o que há no texto; se oferecermos aos leitores uma representação visual da estrutura, simplificamos e otimizamos a assimilação do conteúdo.

Um diagrama ou outra representação visual estruturada de informação inverte uma estrutura comum na nossa cultura: ao invés de prosa ilustrada, diagramas descritos. Não consigo enfatizar o suficiente a importância dessa inversão para simplificarmos o pensamento e a comunicação.

Compilação: Coletâneas

Uma das características mais comuns da internet é a fragmentação de conteúdo. Por exemplo, em um site, o conteúdo é dividido em páginas. Uma página pode ter um artigo ou post, mas muitos sites dividem um mesmo conteúdo em várias páginas, que nos obrigam a navegar.

Além disso, um conteúdo pode referenciar uma lista de links, em um só local ou espalhadas. Como um exemplo mais específico, a Wikipédia separa alguns conteúdos, como a lista de prêmios de pessoas muito premiadas, da página principal da pessoa. Toda essa fragmentação dificulta o uso do conteúdo, seja para lermos, seja para localizarmos algum ponto.

Uma linha de ação para melhorar isso é compilarmos vários conteúdos relacionados em um único produto, como um ebook, gerando uma coletânea. Um ebook pode ter sumário e índice. Pode ser pesquisado no todo de uma vez e pode ser folheado rapidamente, por exemplo para familiarização com a estrutura do conteúdo.

Uma coletânea é a forma mais simples de compilar conteúdos, por envolver a princípio apenas reorganização. A originalidade está apenas na melhor usabilidade, o que não deixa de ser um valor agregado.

Automatização de coletâneas

Venho trabalhando na automatização de geração de coletâneas há algum tempo. O primeiro teste foi em um blog com mais de 100 posts e múltiplos autores. O aplicativo baixou os posts e gerou um ebook com sumário principal por categoria e índices por autor e alfabético, nos formatos PDF/A4 e EPUB. Também foram gerados como teste os formatos DOC-A4 e DOC-A5.

Também foram gerados ebooks dos conteúdos instrucionais da Udemy. Adicionalmente foram geradas páginas da Web com um sumário das páginas e hiperlinks para os recursos indicados em cada página, como documentos. A propósito, a Udemy não autorizou a liberação dos materiais para seus instrutores. Essa é uma questão importante a respeito de coletâneas, os direitos autorais.

Também podem ser geradas coletâneas de uma lista de hiperlinks quaisquer. A extração desses conteúdos é mais complexa, devido à variedade de formatos de código HTML.

Esse aplicativo não foi priorizado e eleito para se tornar um produto; se você se interessar, faça contato.

Elaborar apresentação de slides

Elaborar uma apresentação de slides é uma forma de estruturar um conteúdo discursivo. A base ainda é a prosa, mas próxima ao formato de esquema, o que já permite visualização da estrutura.

Quando representamos um conteúdo em uma apresentação, a primeira unidade estrutural e portanto o primeiro nível de estruturação é o de slides. Ou seja, temos que dividir o conteúdo por uma quantidade de slides. Dentro de cada slide, inserimos tópicos e subtópicos no caso de texto, ilustrados ou não, ou imagens, que podem ser diagramas, infográficos ou simplesmente ilustrações.

Essa estrutura tem elementos em comum com uma hierarquia, mas pode haver repetições e possível fragmentação de conteúdos relacionados.

O nível de slides também introduz algo não estritamente necessário em um texto: cada slide tem um contexto, geralmente indicado pelo seu título. Nem todos usam títulos em slides; consideramos essa prática em geral uma falta de qualidade, a menos que haja alguma boa razão para fazer isso.

Vantagens

Uma apresentação tem como primeira vantagem o fato de ser estruturada; se aplica tudo que dissemos sobre estruturação acima. Ela também pode ser usada para revisão, estudo e em uma palestra. Além disso, um slide pode ter anotações; um slide pode ser complementado, detalhado de forma que constitui um conteúdo completo para sua finalidade. Assim, converter um conteúdo em prosa para uma apresentação de slides de qualidade agrega bastante valor.

Um dos usos que fazemos de uma apresentação é como recurso para melhorar a estruturação de um conteúdo textual; a necessidade da estruturação fornece insights que melhoram a estrutura do texto. Um insight comum é sobre níveis inferiores da estrutura; podemos usar os títulos correspondentes para marcar subseções do texto, como este segmento mesmo, que corresponderia a um slide. Nos casos em que tanto o texto quanto a apresentação serão entregues como produtos, há uma sinergia muito estimulante entre os dois fluxos.

Produtos relacionados

Uma apresentação pode ser um produto por si. Em certa época, tínhamos uma loja on-line de materiais didáticos de Biologia, que ainda existe, cujo principal produto eram tais apresentações. Um produto correlato e derivado é o folheto, um documento textual contendo as imagens dos slides e os respectivos textos das anotações, gerado automaticamente.

Uma apresentação também pode ser um produto associado. Por exemplo, você entrega um ebook e dá como brinde uma apresentação. Uma representação estruturada, como demonstramos, é mais produtiva para relembrarmos e estudarmos um conteúdo.

Outros produtos podem ser derivados de uma apresentação. Um deles é o folheto, um documento de texto com os slides, opcionalmente com anotações. Também uma apresentação pode ser convertida em vídeo, com ou sem narração, com relativa facilidade (“relativa” se refere a quando tudo dá certo).


Veja também:

Produção Estruturada em Série

Como trabalhar múltiplos conteúdos progressiva e evolutivamente

Separando a produção de conteúdo da publicação

Estruture melhor seu pensamento e portanto seu planejamento

Notas

1) O critério é de números que têm curvas ou somente retas.