Ideias para a produção estruturada em série

Possíveis temas para usar a Produção Estruturada em Série

Por Virgílio V. Vilela

No artigo sobre a Produção Estruturada em Série, propusemos um processo para você trabalhar progressivamente com conteúdos estruturados independentes. Este artigo apresenta algumas ideias que se encaixam nessa forma de trabalhar. Conforme o caso, você poderá também aproveitar conteúdos de terceiros, no espírito do artigo sobre produção de conteúdo original a partir de conteúdos de terceiros.

Gatilhos mentais

Uma questão importante sobre a nossa inteligência é: como nós funcionamos? Gatilhos mentais são um dos mecanismos de pensamento e emoção. Por exemplo, a “nossa música” dos casais funciona como um ativador de lembranças e emoções associadas e assim é um gatilho mental.

Boa parte das emoções que sentimos está relacionada à associação de estímulos com reações emocionais; pensamos no estímulo e lá vem a emoção – ou quem sabe mais de uma. O trauma é um caso desses em que há uma reação intensa, tão intensa e vívida que (minha hipótese) parece à pessoa que é real, presente, e ela reage de acordo.

Um possível ponto de partida para gatilhos mentais é o artigo do Henrique Carvalho em http://viverdeblog.com/gatilhos-mentais. O programa Fórmula de Lançamento, do Érico Rocha, usa gatilhos mentais para montar uma estratégia elaborada para lançar produtos. Veja por exemplo este vídeo.

A Programação Neurolinguística (PNL) trabalha com esse mecanismo com outro nome, âncoras, e inclusive tem procedimentos para instalar âncoras. Sobre isso há muito conteúdo em livros e na internet.

Uma boa abordagem para gatilhos mentais é conduzir as pessoas a terem consciência deles. Um caso que observei foi quando uma amiga almoçou em minha casa e depois ofereci chocolate de sobremesa. Ela recusou por alguma razão. Então peguei a barra para mim mesmo e ela imediatamente pegou um pedaço e o comeu. Pensar no chocolate não ativou o comportamento, mas vê-lo fez o serviço.

Se eu fosse abordar esse tema, procuraria trabalhar também o aspecto de que, embora gatilhos tenham função importante na inteligência, em certos casos seria melhor ter escolha. Quando funcionamos muito mecanicamente, estamos expostos a estratégias de persuasão e mesmo manipulação que nem sempre são éticas e bem intencionadas.

Introduções + títulos

Na matéria sobre a Produção Estruturada em Série, usamos como exemplo a redação de introduções. O site do Henrique Carvalho tem outro conteúdo interessante sobre como escrever bons títulos (http://viverdeblog.com/como-escrever-titulos). É um tema relacionado às introduções e os dois podem ficar bem juntos.

De maneira geral, podemos combinar dois ou mais temas para agregar ainda mais valor.

Capacitação em papéis sociais

Todos nós temos que ter conhecimentos médicos básicos, seja para saber em qual médico ir, seja para tratar problemas de saúde simples sem precisar consultar um médico e também para nos defendermos de erros médicos (na minha experiência, muito mais comuns do que deveria).

Também convém, para quem tem carro, saber o básico, em particular para não ser enganado por mecânicos desonestos.

Em geral, para vivermos melhor é bom termos noções de administração (por exemplo de casas), de finanças, de culinária, de pedagogia e ensino (por exemplo para pais) e mesmo de liderança; eventualmente temos que liderar até um cachorro de estimação sob pena de ter que suportar a convivência com um ser amado mas indisciplinado e inconveniente.

A ideia é ensinar noções básicas para pessoas sobre profissões ou papéis sociais. Isso inclui o vocabulário básico de cada área, útil até para pesquisarmos para saber mais. Em particular, acho que um público que mais precisa delas são os jovens, embora não saiba se essa necessidade caracteriza uma demanda. De fato, pessoalmente acho que isso deveria ser mesmo parte da formação regular dos jovens.

Há vários tipos de conteúdo possíveis, como problema-soluções e casos e relatos. Em particular, acho fundamental usar muito mídias audiovisuais e também adotar uma abordagem capacitativa, com muitas atividades. No caso de carros, por exemplo, eu pensaria em colocar sons de problemas, como o de um rolamento de roda desgastado.

Estrutura de trabalho – Uma primeira estrutura que eu adotaria para trabalhar o conteúdo em capacitação em papéis sociais seria:

PAPEL SOCIAL

Possíveis problemas

Possíveis soluções

Eu iria então colecionando papéis, problemas por papel e soluções por problema, gradualmente aprofundando e detalhando cada elemento. Com o tempo e dedicação, algum papel vai se destacar e eu poderia focar nele caminhando em direção a um ou mais produtos.

Eu disse “primeira estrutura” porque, sem amostras representativas de conteúdo, quase sempre não é imediato encontrar a melhor estrutura e esta fatalmente vai evoluir. Embora não aprecie retrabalho, obter qualidade quase que inevitavelmente requer reorganizar conteúdos.

Uma boa opção para lidar com esse aspecto da organização é usar um mapa mental e, no início, trabalhar apenas com tópicos, com o sumário do conteúdo. Reorganizar um mapa mental feito em aplicativo é bem produtivo, além de que facilita a visualização do todo. Isso é análogo a trabalhar a planta baixa de uma casa e estabilizá-la antes de proceder ao detalhamento. Refinando a analogia, é como trabalhar várias plantas baixas em paralelo até encontrar a ideal ou a melhor.

Melhorando a qualidade da comunicação

Todo mundo sabe ou intui a importância de se comunicar melhor, e por isso procura fazer mudanças para melhorar sua comunicação. Mas os resultados das mudanças nem sempre funcionam bem. Alguns padrões que observei:

Nós vivemos em uma realidade com altas doses de perfeccionismo, em que o foco muitas vezes está na imperfeição. Podemos então acertar 10, 20, 50 vezes e acabarmos sendo prejudicados por um único deslize.

Nesse contexto, a ideia é capacitar pessoas na qualidade da sua comunicação. No meu entendimento, isso passa primeiro pela conscientização, depois por intervenções para fazer mudanças. Algumas possibilidades de intervenções:

Aqui também o público-alvo preferencial pode ser de jovens, não só porque são os que mais precisam como também porque para mim tendem a ser mais receptivos e permeáveis.

A melhor abordagem para este tema, na minha opinião, é prática, capacitativa, com exercícios e verificações de aprendizado, devido à natureza de habilidade da comunicação. Se não for treinamento, pelo menos deve ter muitos exemplos, que facilitam às pessoas conectarem o conteúdo à sua realidade. Sobre isso, veja a introdução à Didática de Resultados.

Estrutura de trabalho

A estrutura inicial pode ser a de problemas e soluções. Por exemplo, para o problema “Sorrisos que parecem artificiais, forçados ou mesmo falsos”, duas possíveis soluções são indicadas acima, no site Possibilidades. Eu também pensaria em conduzir a pessoa a se fotografar ou filmar e a pedir opiniões de pessoas próximas.

Uma possível evolução é refinar por público-alvo: trabalhar com jovens, ou com homens e mulheres, pode ser bem diferente. Um fator que distingue os públicos é o fato de eles terem ou não consciência de um problema. Quando não têm, em geral não adianta oferecer opções, primeiro eles devem se conscientizar antes que busquem ou queiram algo relacionado. O pior cenário, a meu ver, é quando têm o problema e estão convictos de que não o têm.

Aqui se aplicam os mesmos comentários para o tema Capacitação em papéis sociais, acima.

Defendendo-se de erros médicos

Na farmácia de manipulação, apresento a receita do médico. O atendente se recusa a fazer o produto, dizendo que a dose prescrita está acima da permitida pela Anvisa.

O dermatologista examina a área afetada e, em um relance, diagnostica e prescreve. Só que o medicamento não funciona; uma amiga bióloga é que percebe que o agente é fungo e não bactéria, e indica um medicamento adequado.

Como esses, já passei por outros casos e também já ouvi muitos relatos de problemas com médicos. Esta é uma realidade que começa com a educação de berço, passa pela formação e se completa na mentalidade, e não deve mudar tão cedo; melhor é nos adaptarmos.

Uma opção é preparar as pessoas para se defenderem de erros médicos. E um caminho para isso é conhecer possibilidades de erros médicos, e naturalmente possibilidades para lidar com cada tipo de erro. Com essas unidades estruturais, é possível trabalhar esse conteúdo com o método de produção estruturada em série.

Esse me parece um tema com potencial para um produto, também por ser socialmente muito relevante. Se eu fosse investir nele, começaria a colecionar relatos, experiências, notícias e matérias em geral, e ir trabalhando neles pelo ciclo de evolução das matérias, desde simples ideia até pronta para publicação.

Algumas situações podem envolver uma certa sabedoria. Uma vez, uma pessoa próxima estava muito mal no hospital e fez uma cirurgia, com recomendação de dieta zero, mas a refeição da noite foi servida. A princípio achei que tinha sido um erro, mas algum tempo depois ouvi de uma pessoa da área que eles às vezes servem a refeição de qualquer maneira para pacientes terminais. Acho que eu faria o mesmo na situação.

Conteúdos de celebridades

Sugerimos no artigo sobre a Produção Estruturada em Série uma possível linha de busca de temas envolvendo conteúdos de celebridades, pegando "carona na reputação" delas. Outras possibilidades nessa linha:

Virtudes romanas

Os romanos tinham dois conjuntos de valores ou virtudes para direcionar e regular suas ações: as virtudes pessoais e as virtudes sociais. Seguem alguns exemplos em cada grupo (o nome “sociais” é o meu preferido, nas fontes que consultei o nome era “públicas”):

Virtudes pessoais

Clementia: "Favor". Suavidade e gentileza.

Dignitas: "Dignidade". Um senso de autoestima, orgulho, amor própio.

Firmitas: "Tenacidade". Força mental, habilidade para defender uma proposta.

Humanitas: "Humanidade". Refinamento, civilidade. Aprender e possuir cultura.

Industria: "Trabalho duro".

Salubritas: "Saúde". Saúde e limpeza.

Virtudes sociais

Aequitas: "Igualdade". Justiça e igualdade tanto dentro do governo como entre as pessoas.

Concordia: "Concórdia". Harmonia entre o povo romano, e também entre Roma e as outras nações.

Fortuna: "Fortuna, Sorte". Um agradecimento aos acontecimentos positivos.

Hilaritas: "Alegria, jovialidade". Expressão dos momentos felizes.

Justica: "Justiça". Como expressa por leis e governos sensatos.

Liberalitas: "Liberalidade". Dar generosamente.

Essa estrutura a princípio é muito boa para se desenvolver conteúdo relacionado. Em algum ponto pode ser que se combinem, mas este seria o “avançado”.

Um aspecto importante de valores é que, idealmente, eles funcionam bem subconscientemente, isto é, nós os aplicamos sem pensar algo do tipo “vou adotar tal virtude”; é como uma habilidade. Isso requer prática, convivência, maturação, eventualmente auto-observação e análise.

Uma abordagem mais gradual é escolher um subconjunto para desenvolver. Um lado bom é que, quando nos dedicamos a buscar ensinar algo, acabamos assimilando naturalmente muito do que trabalhamos. Isso sugere uma sinergia de propósitos: desenvolver para gerar produtos e também para aprender o conteúdo.