Mapas mentais em ação

Experiências em que mapas mentais foram decisivos

Por Virgílio V. Vilela

Choveram e-mails! Dois projetos de feira cultural de última hora. Um filho que não sabia nada para a prova. Na nossa longa jornada com mapas mentais, alguns episódios se destacaram; ter a opção de mapas mentais foi decisivo. Aqui contamos como pudemos ajudar pessoas próximas em situações difíceis.

Feira cultural de última hora

Uma feira cultural em um colégio de Brasília iria acontecer. A quatro dias da apresentação, duas equipes tinham feito apenas o projeto. A professora-coordenadora pediu socorro, e resolvi usar mapas mentais.

Os temas eram Sedução e Futebol, ambos com enfoque em Ciências da Natureza. O plano inicial envolvia imprimir as fontes, mas, quando já tínhamos umas 40 páginas impressas, vi que não ia funcionar e mudei o processo para uma colaboração: eu como mapeador e ela como conteudista.

Em três sessões de algumas horas, foi possível mapear todo o conteúdo relevante para cada projeto, eu com o conhecimento de mapas mentais, de estruturação e do aplicativo, a professora gerenciando o conteúdo. Um dos mapas mentais seria exposto em uma parede e foi ampliado para 1 metro quadrado e impresso em várias folhas, que foram montadas (as fotos são o que foi possível recuperar).

Para encurtar a história, insiro os depoimentos:

Professora: "Sem os mapas mentais teria sido impossível trabalhar tanto conteúdo no tempo disponível. Se os mapas mentais tivessem sido aplicados desde a etapa de projeto, muitos conteúdos não relevantes teriam sido filtrados e muito tempo e esforço economizados.”

Aluna, coordenadora de uma das equipes: “O mapa mental não só ajudou a elaborar o trabalho e a distribuir os tópicos entre os participantes, como também a organizar as ideias para a apresentação. Os professores deviam usar mapas mentais.”

Excesso de e-mails

Um ex-cunhado americano, consultor de mineração, inventou e patenteou um revolucionário sistema de granulação de minério. Há alguns anos, o sistema foi divulgado na internet e despertou muito interesse da comunidade de mineração, tanto que ele e um parceiro canadense ficaram sobrecarregados por uma montanha de e-mails. De fato, perderam o controle da coisa.

Propus ao cunhado dar um jeito na situação. Ele me enviou os e-mails e percorri-os um a um, selecionando as informações relevantes e elaborando um mapa mental em um aplicativo que eu vinha desenvolvendo na época. O mapa mental era estruturado primariamente por empresa, contendo também um sumário do que tinha ocorrido, informações para contato e pendências.

O mapa mental foi entregue em inglês e em vários formatos, adequados a cada necessidade: um arquivo com o mapa mental completo para consulta em tela, um arquivo diagramado para A4 em PDF e ainda uma versão completa em papel, montada a partir de impressão em múltiplas páginas.

O cunhado apreciou muito o resultado, tendo afirmado: "O mapa mental que você fez é muito impressionante e útil. Que grande recurso para se organizar eventos, comentários, históricos e outros acontecimentos. Estamos muito felizes de tê-lo."

Desdobramentos

O cunhado se interessou em elaborar seus próprios mapas mentais e passou a usar meu programa. Quando foi a Salt Lake City para um serviço na segunda maior mineradora de cobre dos EUA, usou mapas mentais nas reuniões de planejamento da parada de um forno, muito complexa e que ainda envolve a coordenação de vários terceirizados. A duração das reuniões caiu significativamente, e o programa, que já tinha versão em inglês, chamou a atenção da empresa, que acabou adquirindo 10 licenças. Também nos pareceu significativo que, alguns meses depois, adquiriram mais 7.

Como análise sintática ficou fácil

Um sábado à tarde, meu filho, então iniciando a adolescência, disse que tinha prova de Português, análise sintática, na segunda-feira – e que não sabia “nada”.

O primeiro pensamento foi aquele: “não vai ser possível”. Mas como os primeiros pensamentos e conclusões muitas vezes são superficiais, tentei buscar alguma coisa a fazer, nem que fosse por desencargo de consciência.

Veio então a ideia de fazer um mapa mental: peguei o livro-texto e percorri os capítulos, selecionando o conteúdo relevante e inserindo no aplicativo próprio que eu tinha, formando uma estrutura de tópicos. Terminei uma primeira versão, seguindo a estrutura do livro, e a mostrei para ele. Sua expressão me revelou que não tinha havido progresso. O que estaria faltando?

Ocorreu-me então que ele poderia simplesmente não estar sabendo o que fazer. Resolvi então montar um roteiro, um passo a passo.

Procurei uma sequência lógica naquele conteúdo e vi que havia:

Reorganizei o mapa mental para ficar nessa estrutura; o fato de ser em aplicativo facilitou bastante, foi quase que só mover tópicos. Como subtópicos dos passos, coloquei os conhecimentos necessários para executar cada passo e, o que acho da maior importância, exemplos.

Veja na figura abaixo o mapa mental máster (níveis iniciais) do roteiro, com alguns níveis adicionais onde coube no formato A4. Os ícones indicam que há um mapa mental que detalha o tópico; no documento são hiperlinks.

A próxima figura mostra um detalhamento do passo 4, os tipos de oração coordenada. Este tem exemplos; descrições apenas, para quem não tem experiência, me parecem insuficientes e arriscadas.

Fiz uma diagramação do mapa mental em várias páginas, porque tinha ficado grande, imprimi e passei para ele. Dali a algum tempo, ele volta, pergunto como foi. Ele:

- Assim é fácil, né pai!

E eu nem tinha explicado o conteúdo.

A propósito, esse episódio foi muito educativo para mim como professor; contribuiu para a sustentação da ideia de que não basta um estudante entender; ele precisa saber o que fazer com conhecimentos. Se ninguém ensiná-lo, ele terá que descobrir sozinho.